quarta-feira, 31 de março de 2010

Ainda bem que temos a Intuição! (Osvaldo 3)

Canta uma canção bonita
falando da vida em ré maior
canta uma canção daquelas
de filosofia e mundo bem melhor
canta uma canção
que agüente essa paulada
e a gente bate o pé no chão
canta uma canção daquelas
pula da janela
e bate o pé no chão
sem o compromisso estreito
de falar perfeito
coerente ou não
sem o verso estilizado
o verso emocionado
bate o pé no chão
canta o que não silencia
é onde principia a intuição
e nasce uma canção rimada
da voz arrancada
ao nosso coração
como sem licença o sol
rompe a barra da noite
sem pedir perdão
hoje quem não cantaria
grita a poesia
e bate o pé no chão

Só - de novo Osvaldo...(2)

Vontade de ser sozinho sem grilo do que passou
A taça do mesmo vinho sem brinde, mas por favor
Não é que eu não tenha amigos não, não é que eu não dê valor
Mas hoje é preciso a solidão em nome do que acabou

Vontade de ser sozinho mas por uma causa sã
Trocar o calor do ninho pelo frio da manhã
Valeu a orquestra (se valeu!) mas agora é flauta de Pã
Hoje é preciso a solidão com a benção do deus Tupã, ô menina

E a quem perguntar quando o vento sopra, responda que já soprou
Mas o vento não traz resposta, acabou

A flecha que passa rente, cantor implorando bis
O cara que sempre mente, a feia que quer ser miss
Gaivota voando sob o céu, a letra que eu nunca fiz
Tudo é a mesma solidão mas dá pra se ser feliz

E a quem perguntar quando o vento sopra, responda que já soprou
Mas o vento não traz resposta, acabou

E todo mundo é sozinho, ai de quem pensar que não
A moça com seu vizinho, soldado com capitão
E resta a quem está sem seu amor, amar sua solidão
Hoje é preciso o uivo de um lobo na escuridão

Mistérios - Osvaldo Montenegro 1

Tudo o que eu pensei saber ainda é mistério
Qual é a relação de Crato lá com New Orleans?
A chave do amor é uma risada ou é um jeito sério?
É singular o fecho todo ou já são vários fins?
É sempre o mesmo Deus ou troca como um Ministério?
É sempre a mesma afirmação ou já são vários sins?
É cheia a taça da paixão ou é um rio estéril?
São sete demos musicais ou doze querubins?
Se a vida continua ou não ainda é mistério
O ciclo começa por onde: noite ou manhã?
O barco do destino é uma prisão ou é um grande império?
Quem é que descerá dos céus nos braços de Tupã?
É sempre o mesmo Deus ou troca como um Ministério?
Depois que a gente já mentiu a coisa ainda é sã?
A sorte é uma abstração, o azar é um mistério
E Deus freqüenta a arquibancada do Maracanã

segunda-feira, 29 de março de 2010

Madredeus - O sonho - Belgrado Maio/2000

(Letra e Música de Pedro Ayres Magalhães)

Quem contar
um sonho que sonhou
não conta tudo o que encontrou
Contar om sonho é proibido

Eu sonhei
um sonho com amor
e uma janela e uma flor
uma fonte de água e o meu amigo

E não havia mais nada...
só nós, a luz, e mais nada..."
Ali morou o amor

Amor,
amor que trago em segredo
num sonho que não vou contar
e cada dia é mais sentido
Amor,
eu tenho amor bem escondido
num sonho que não sei contar
e guardarei sempre comigo

domingo, 28 de março de 2010

Que Belo é esse?

Quando lemos histórias que outros contam...aprendemos de certa forma porque nos colocamos no lugar do personagem. É inevitável.
Quem escreve e quem lê o que se escreve exercita o Pensar e o Sentir.
Só escrevemos o que nos é importante para a compreensão da vida,
ou para comunicar sentimentos, necessidades e até mesmo desesperos.
O Inconsciente manifesta-se através das entrelinhas do quê escrevemos.
Por isso, entendo que palavras escritas são mais perigosas que palavras faladas. Principalmente quando quem as escreve, não sabe disso. Revelamos sentimentos escondidos, feridas veladas e que ainda pulsam de dor.
Queria não ver dessa forma, talvez sofreria menos.
Mas...Quem não sofre? Sofremos para aprender que só se aprende, ao sofrer.
Por exemplo: O que é Belo? Onde está a beleza hoje?
Bah! Isto é complicado demais prá mim. O belo carrega o peso de eventos históricos. Conta histórias, e desvela pensamentos e visões relacionadas ao seu significado. Hoje, a beleza de uma pessoa está num rosto bonito?
Num corpo magro? No tipo de roupa que se usa?
Queria que não fosse assim. Queria que minha filha vivesse numa sociedade em que a beleza está num olho que brilha de felicidade por ter amigos, na natureza que se transforma diante da ação inconsciente do homem, na música simples e nos sentimentos sinceros.
Queria cantar o tempo todo assim esqueceria mágoas.
Queria ir embora para não viver mais nessa angústia de tentar viver melhor.
Queria, de verdade, esquecer que sou afeto puro e tentar ser apenas razão.
Queria saber viver e não saber como viver. De que adianta saber o como?
É como diz a letra da música...

Quem espera que a vida seja feita de ilusão
Pode até ficar maluco ou morrer na solidão
É preciso ter cuidado...
É preciso saber viver

Chega!

Querem saber?
Nem eu me aguento mais falando tanto de melosidades.
Chega!
Agora é viver a vida do jeito que der.
Hoje, uma amiga me escreveu, dizendo:
Quando te sentes triste,
do que foi ou
mesmo do que não foi,
ocupas o tempo do teu coração,
tanto,
que esqueces de viver o momento de agora.

É isso.

Vejam só, o poder que as palavras possuem...
Talvez até mais que frente a frente.

Palavra falada o vento leva...
Palavra escrita,
para sempre,
fica.