segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Minhas mãos

Gosto de ouvir aquele som que parece vir das ondas do mar, quando encosto uma mão na outra e as fecho em concha pertinho do ouvido. É como se o mar conversasse comigo e me contasse os segredos do futuro. Pois quando penso nele, no futuro, me vem sempre em segredo as possibilidades de felicidade ou tristeza. Mais de tristeza que de felicidade... Já sei que sempre termina assim, tudo sempre foi assim quando se trata de coisas do coração. 
Quando criança nada disso acontecia. Apenas ouvia o mar. Via o mar. Vivia no mar. Hoje vivo-o em sonho, para frente ou para trás... Aprendi com o tempo e por necessidade, a acreditar no que sinto decifrando comportamentos e observando gestos e olhares. Muitos se repetiam e o que vinha depois... Também. Juntando o antes e o depois ficou fácil. O ser humano é tão simples de atravessar que chega a ser ridículo. Eu também, sou incrivelmente ridícula, pois o que faço e o que digo é de uma transparência que não é possível muitas vezes me ver ao espelho. Ainda bem... Não quero ver-me quando faço coisas ridículas e absurdas...  Gostaria de ser mais misteriosa. Goataria de não estar aqui hoje, onde estou. Goataria de tantas coisas que não são, tampouco estão, que não será possível mais viver assim. Algo terá que mudar... O quê?
Não sei. Talvez eu... Mas... Se eu resolver mudar, mudo tudo mesmo. Mudo de casa, de cidade, de profissão, de amigos e de paixão. Talvez me fosse, só assim, possível ser feliz mais tempo do que hoje... Mais dias do que o último que fui feliz... Mais vidas do que a minha vida...

Tudo isso porque gosto de ouvir o som de minhas mãos juntas em forma de concha... Quem sabe, que mistérios se escondem em minhas mãos? Elas sentem o mundo, tocam e vibram com os amores e as paixões, mas não falam comigo para me dizerem: É hora de ir embora. Será que é porque ainda não é?

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