domingo, 10 de julho de 2011

Espaços vazios

Refletindo sobre sons e silêncios, (e sobre meu zumbido permanente bem no meio do cérebro) pergunto:

O que significa o silêncio entre um som e outro (pois é nele que percebemos os movimentos sonoros)?
O que significa o espaço entre uma palavra (falada ou escrita)e outra (se este espaço também é uma possibilidade de condução para a outra)?
Que tamanho é o espaço que há entre as ideias hoje? Entre um pensamento e outro, hoje?O que acontece nesse interim?

Vivemos cercados por sons, imagens, por informações sonoras e visuais, por  "novas" ideias (que não sei até que ponto são tão novas assim...), por um lado. Por outro, tudo é tão intenso, é tão numeroso, é tão rápido que não conseguimos dar sentido ao que vemos, ao que ouvimos, ao que sentimos e ao que pensamos. Este 'não dar sentido' me soa como mais um vácuo, um buraco, um espaço vazio, e isto não tolero... Estou exatamente aí... (...é como se algo tivesse que fazer e ... bem, mudei o assunto, eu acho..)
Por quê?
Serão, esses espaços importantes para que possamos, mentalmente conseguir simbolizar, significar, interpretar com mais tempo (que tanto falta-nos hoje) o 'tudo' que nos bombardeia e nos envolve de tal forma que nos perdemos da própria realidade?
Sinto esse vácuo seguidamente em meus alunos também, tento ocupá-los com palavras, provocando-os a criar. Eis a  questão: Será que esses espaços não seriam espaços vitais para a criação?
Por vezes quis, tentei, escapar de algumas ideias fixas que se mantinham martelando, ressoando para serem postas em prática, ou até para não acontecerem.. Mas, em algum momento aparece uma luz, uma claridade, uma janela aberta e um novo ar refrescando o ambiente, trazendo consigo, do nada, uma saída,  uma solução, um alívio da ansiedade, uma calma abençoada. Esse é um momento feliz que várias vezes senti, pois transformava-se em uma decisão, em uma escolha certeira, em uma atitude, em um afastamento do Medo e uma certeza de que vale à pena nascer, crescer e viver até quando der...

Aquele vácuo, vazio, solitário, oco, preenchido por uma (não sei como chamar) Luz(?), mas que de alguma forma, nele houve um estímulo nesse momento para a criação, de 'fora' ou de 'dentro', mas houve. Será que esses espaços poderiam ser 'aproveitados' para buscar alívios, caminhos para uma descoberta de cura, ou ...

Conclusão: Se há hoje, nesta sociedade Pós alguma coisa, mais espaços vazios que nas sociedades Pré alguma coisa, significa dizermos que também temos mais espaços para criação, ou então, para a Arte, ou ainda... para a cura.

Alguém me explica por que meu zumbido não para de zumbir?????

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