domingo, 4 de setembro de 2011

Tem coisas que têm um tempo previsto...

Todas as coisas têm um tempo previsto...
O mundo não vai muito bem, não...
Uns possuem tudo; outros nada.
Uns fazem o que querem, outros só obedecem.
Uns tentam alargar o tempo aumentando a velocidade e outros só correm atrás de algo que não sabem, apenas vão...


Tem horas que achamos que todos devem embarcar nas nossas idéias, crenças, verdades ilusórias. Sábios eles, que não entram nessa. Mas, sábios nós, que vivemos intensamente momentos que não voltam mais. Preferimos embarcar mar adentro sem saber se voltamos um dia.

Não somos perfeitos, mas somos perfectíveis. Temos possibilidades de mudar, de melhorar nos amores, nas amizades, nos relacionamentos. O Outro é o nosso termômetro do quanto somos capazes de cativar ou não, do quanto somos capazes de mediar o amor e o ódio. Se isso é fato, não há como desentendimentos, desilusões, decepções não ocorrerem, oras... Quando, ou até quando as reconciliações são possíveis de se religarem? Quem somos nós para acharmos que podemos, sempre, reconciliarmos desafetos e crostas quebradas, luxadas, machucadas? Para quê?

Pois, todas as coisas têm um tempo previsto...

Tem horas que tenho receio. 
Receio de saber que minha vida não tem sentido algum, nem para mim, muito menos para qualquer outro. O sentido único possível que consigo enxergar é a possibilidade de tentar eu mesma, me agüentar, me tolerar, compreender que enquanto viver será assim, somente eu, com minhas inquietações, meus anseios, meus medos, minhas impulsividades ridículas...

Sempre esses momentos de desarrumação da vida, do corpo, da mente e do coração, me aconteciam, provocando um vazio profundo, sem saída. As palavras, em tantas línguas, me atrapalharam a vida algumas vezes. Noutras me ligaram a ela. Se palavras fecham conceitos ou ideias, para mim abriam e abrem espaços. De qualquer forma, são palavras e quando saem quadradas e encurraladas, marcam, doem, assassinam os afetos, odeiam,  separam. Palavras contam histórias, de verdade verdadeira ou de verdades criadas pelas mentes humanas que investem em ilusões, tão somente em ilusões.

Tem horas que o mundo cai dentro de mim e me causa uma dor insuportável.
Não entendo isso. Não entendo o que as pessoas falam. Elas falam sem saber o que dizem, falam para magoar, pois o rancor, pelo visto, foi construído durante um bom tempo. Só pode... Como manter tanto rancor ao ponto de falar sem comunicação, sem sintonia e de não querer escutar... Isso é ódio, ódio de amor ou amor de ódio. Chego a sentir um certo pavor dessa dualidade. Onde está a sintonia, a harmonia, que só existia através de uma verdade composta para tal fim?

Tem horas que tenho vontade de conversar, falar sobre a vida até aqui, por que os impasses se formam e a palavra torna-se o muro da discórdia e de desentendimentos quando deveria ser de prazer?
Sobre as crianças, estão construindo sua forma de relacionar-se com esse mundo psiquicamente, na verdade estão tentando montar um grande 'quebra-cabeças'. É fundamental ter a tranqüilidade de saber que estão seguras. Sei, por intuição talvez, disso tudo, sei como se sentem também. Gosto de ver os filhos discutindo com os pais, testando suas possibilidades de lidarem com o mundo externo através de suas construções internas.
É bacana de discutir, conversar, compartilhar ideias com elas...
Adultos, ah... Alguns acham que, pronto, tudo resolvido...
Que nada! Falácia total...
Começam as dificuldades, primeiro em lidar com suas verdades rígidas, segundo em lidar com suas vontades e desejos não resolvidos...

Quem nos olha, quem convive conosco, nos vê de um jeito que acham que somos. 
Até penso que sou assim,  para eles, mas não para mim. Nem sei de que jeito sou, deste ou daquele, meus pensamentos continuam com a mesma intensidade independente de qual personagem me personificaram, eu sou. É assim que me percebo, pelo que penso, pelo que entendo, pelo que construo.

Cada momento vivido é novo, desconheço como vou ser diante do novo. Entendo assim que devo ser todos os dias, todas as horas, todas as situações imprevisíveis, pois o que vai acontecer... Não sabemos.  Único jeito de ser eu é ser de cada vez, é não saber cada vez, é permitir-se não saber e não se conhecer, cada vez. Também não compreendo isso, mas sinto que deve ser assim. Sentir, e saber o quê se sente é transcender o viver. Acredito em tudo que sinto. Mas, às vezes me escapa à percepção, ou não... Dou-me conta quando já passou...
De qualquer forma, não foi importante, então.

Há um silêncio dentro de mim que me inquieta e que ferve. Esse silêncio que mantém as distâncias minhas com o  mundo. Para reduzir distâncias, só abrindo o peito e permitindo que o silêncio saia, flutue para fora, borbulhante. Causará dor, desilusões, perdas, mas de alguma forma ele me libertará.
Como seria abrir o peito e gritar... sem medo... sem prejuízos... sem o mínimo de educação?

Todas as coisas têm um tempo, previsto ou não...Têm.


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