quarta-feira, 23 de junho de 2010

Epitáfio para mim...

('Epitáfio' vem do grego antigo, e significa, literalmente, 'sobre o túmulo'. É um texto inscrito em lápides e placas que buscam homenagear o defunto. Normalmente é redigido em versos, mas há exceções)

Quando algo termina temos que processar a perda. Cada um processa de seu jeito. Enquanto uns choram, outros ficam numa quietude avassaladora; enquanto uns calam outros precisam falar. Sou dessas que precisa infinitamente falar e chorar, conversar e ser abraçada, abraçar e ser ouvida, ser olhada, ser encarinhada e ser mimada, principalmente nesses momentos. Hoje não tenho com quem conversar, não tenho como abraçar quem eu queria, até porque não sei se é recíproco, por isso converso comigo mesmo, escrevendo. Estranho dizer que não sei ao certo se estou no caminho certo. Acho que a solidão provoca essa ambiguidade de sentimentos. Minha filha chora, mostra-se triste e eu tento controlar minha tristeza por causar-lhe esses momentos, mesmo sabendo que só a irá ajudar a ser uma mulher forte, decidida e melhor do que eu. Estou tranquíla com algumas decisões e cada vez mais vejo com maior clareza toda a realidade. Porém preciso compartilhar, mesmo que seja comigo mesmo. Na verdade sempre foi assim e assim sempre será. Nascemos sozinhos e acabaremos sozinhos ao final de tudo. Deus nos ajuda a suavizar de certa forma alguns sofrimentos, os quais achamos sempre que os nossos são os maiores do mundo. E não é assim...Hoje uma amiga me disse: Que coisa, depois que temos filhos nunca mais somos "a Nadya", "a Letícia", "a Tânia"...para sempre seremos uma mãe. Nunca pensei que poderia continuar a sentir sentimentos separados desse Amor tão grande de "ser mãe". E hoje é assim. Um casamento não depende de maternindade ou paternidade. Depende de carinho, de mimo, de olhares com desejos, de abraços para sempre, mesmo que durem segundos, de uma mão na outra para dar uma força. Isso morreu!
Epitáfio para todo esse sentimento que preciso compartilhar com alguém senão morro de tanto chorar. Não quero morrer agora porque minha filha precisa de mim, do meu jeito de ver mundo, como aprendi com meu pai. Aprendi a ver o mundo como uma grande união de diferenças. Só aprendemos dessa forma conhecendo o mundo, indo através dele, caminhando por ele. Tive essa oportunidade e não consigo dar a minha filha isso. Tenho que achar uma forma, ela precisa compreender que o mundo é lindo, como eu um dia vi!

"Não me arrependo de Amar como Amo
de chorar como choro
de reparar quando nasce o sol
de errar
e de fazer o que tenho vontade e desejo.

Sei que complico muito
que trabalho muito
Porém, sempre vejo o sol se pôr
Me importo com tudo
com problemas pequenos
e morro de amor e de paixão.

Espero que
O acaso me proteja
Enquanto eu andar distraída
O acaso me proteja
Enquanto eu andar por aí
perdida e apaixonada
pelo sol, pela lua
pelo vento e pela chuva"

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