quinta-feira, 8 de setembro de 2011

C.L.

"Vou criar o que me aconteceu. Só porque viver não é relatável. Viver não é vivível. Eu vou ter que criar sobre a vida. (...) Eu estava no deserto. Era um deserto que me chamava como um cântico monótono e remoto chama. Eu estava sendo seduzida e ia para essa loucura promissora. E eu sinto que estou de novo indo, indo para a mais primária vida divina. Estou indo para um inferno de vida crua. (...) A vida é uma grande sedução onde tudo o que existe se seduz. (...) Se eu der o grito de alarme de estar viva, em mudez e dureza me arrastarão, pois arrastam os que saem para fora do mundo possível. (...) E com mal estar, eu fugia... Se você soubesse da solidão desses meus primeiros passos... Era como se eu desse os primeiros passos em outra vida, depois de minha morte. (...) E eu compreendi que minha vida sempre fora tão continua quanto a morte. E... finalmente sucumbi...

Estou neutra.
(...) Eu vou precisar de minha própria vulgaridade doce e bem humorada, o resto dos meus dias, eu preciso esquecer como todo mundo. Preciso encontrar em mim mesma, a mulher de todas as mulheres. A insistência é o nosso esforço, a desistência o prêmio. E eu estava agora tão maior que já não me via mais. O mundo independia de mim. E não entendo nada do que digo, pois como poderei dizer sem que a palavra minta por mim?"

continua...

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