De modos que passei minha vida até aqui, sonhando. È vero que tinha, quando criança e um pouco mais, uma certa razão que me fazia sonhar possibilidades certas de acontecerem. Era tudo tão fácil... Antes de dormir pensava sobre o que havia conseguido até o dito instante e o que mais precisaria. Ficava eu, enumerando minha lista de sonhos...possíveis.
Meu entendimento não alcança hoje o que mudou e como mudou... e mudei. Pois, meus sonhos atuais são totalmente impossíveis.
Não enumero mais, já que não sei o tempo que tenho...
Não penso mais sobre isso antes de dormir...
Penso só no que ocorreu e em como parar de pensar para poder dormir...
Uma piada...
Aprecio, gosto da vigília, gosto da noite, gosto do silêncio, gosto da solidão da noite. Nela deposito meus anseios, minhas mortes em vida, minhas incapacidades de compreensão do ato de viver e todos os meus pecados, os quais não são poucos. Sem problemas. É como se a noite fosse o momento de sonhar acordada, vivendo o que não foi possível e refletindo o que pode ser...
Peço perdão e me perdôo. Pois faço coisas que só um vento explica. Fico convicta de que tudo é vão pois, com o vento, cai tudo ao chão.
Só a noite causa essa paz necessária para criar, imaginar e fantasiar a vontade do desejo se manifestar.
Atravesso livros, vidas dos personagens, vivo o que não é meu e sonho com o que quero. Só na noite, com sua escuridão envolvente e seu silêncio pertinente e acolhedor de gritos das dores das perdas.
Por isso a Lua sempre sabe de tudo, sabe do desejo que reconhece a existência e o tamanho das distâncias entre o querer e o poder ter, e sabe também que um amor, mesmo que em sonho não tem quase nada de irreal, por isso que a Lua está lá no ceu, quieta, ouvinte e docemente encantadora.
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