Dá medo...
Das incertezas do dia seguinte
Do viver sem sentido, sem razão
Da monotonia das noites vazias
Sem esperança ou motivação.
Dá medo...
De perder as palavras totalmente
E romantismo nelas, não mais haver
Dos pensamentos não te alcançarem
E dos meus olhos, você esquecer.
Dá medo...
De não achar refúgio nas tempestades
E nas revoltas ondas do mar dolente
Sofrer a angústia torpe de perceber
O frio cortante do seu olhar ausente.
Dá medo...
De sufocado e envolvido pela cupla
O amor seja varrido totalmente
E nossos sonhos serem todos banidos
E levados de nós pelo vento quente.
Dá medo...
De nossas almas fadadas ao exílio
Em cem, mil dias de solidão
De lágrimas vertidas, inutilmente
De sentir frio e vazio o coração.
Dá medo...
De no limiar da minha vida, concluir
Que o anoitecer esperado foi esquecido
Que a porta, sempre aberta, não existiu
De nas suas madrugadas, eu nunca ter existido.
Dá medo, sim!
(Gloria Salles)
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