ODE AO BEIJO

O beijo é uma prescrição dos olhos.
Conforme tarda o olhar vê-se o prenúncio de um beijo.
Quanto maior a intensidade da mirada maior o desejo.
Outro sintoma da "ganas beijatorias" é um leve arrepio ao sentir o contato de seu oponente.
O coração acelera quando menor for a distância existente entre os dois.
A respiração também se altera.
As mãos perdem a firmeza.
E quando enfim os lábios se tocam, se roçam, se sugam
O torpor toma conta, e o mundo gira ao compasso de uma valsa
tocada pelas batidas descompassadas de dois corações...
Um beijo bem dado enriquece, enobrece, estarrece, estremece e tantos outros "eces" que não me ocorrem agora

Viva o beijo escondido, atrevido, descarado, molhado, beijo selinho e tantos outros que ainda não foram inventados.

Beije sempre...eternamente

Quero um beijo.
Quem não quer?

É com pesar que comunico: perdeu-se a prática do beijo roubado.
Não existe mais.
As múltiplas variáveis e incógnitas que recheiam um beijo roubado fazem dele uma arte. A vantajosa surpresa provocada pela manobra vem da escolha do momento certo: um elogio, uma graça qualquer e a garota esboça aquele sorriso contido, de poucos dentes à mostra. Eis o sinal para que lhe seja pipocado um beijo roubado clássico, que no caminho resvala nas mechas de cabelo, na pontinha do nariz, talvez um pouco do queixo.
Num outro extremo, mas que apresenta igual graça e doçura, está o beijo arrancado quase à força, num átimo de coragem, quando o coração está prestes a rebentar de ansiedade. Não há tempo para planejamentos ou decisões; num instante está a moça a falar animadamente sobre assunto qualquer, noutro o moço já a traz colada aos lábios, uma mão a puxar-lhe o pescoço, a outra a prender-lhe a cintura. Ambos sem entender o que se deu entre o primeiro e o segundo instantes. Se na modalidade clássica o beijo dura frações mínimas de tempo, aqui pode levar alguns longos segundos até que vítima e algoz consigam esboçar reação.
Que reação seria?
Sei lá...só vivendo um momento desses para saber...